domingo, 29 de julho de 2012

BRINCANDO DE SQUASH


O aumento no número de praticantes o Squash traz também um problema já comum a outros esportes. Tem pai que, na tentativa de realizar no filho algo não realizado consigo mesmo, acaba obrigando a criança a praticar esportes ou atividades com os quais não se identifica. Isso interfere no desenvolvimento motor natural e deixa a criançada cada vez mais frustrado, destruindo o que possa ser um futuro talento esportivo.  Em alguns casos a criança tem dom para o Squash e a cobrança precoce acaba prejudicando todo o processo de aprendizado.

Volta e meia aparece um pai ou uma mãe perguntando com quantos anos pode iniciar o filho no Squash. Minha resposta geralmente é por volta dos oito anos de idade, mas de forma lúdica, sem especialização dos movimentos. Crianças próximas dos 10 anos devem brincar explorar o mundo de forma abrangente, com movimentos gerais, vivenciando todo e qualquer tipo de atividade, sem muito compromisso e pressão. Sou a favor da prática de ginástica olímpica nesta primeira década de vida. A modalidade explora todos os tipos de movimento possível, dando uma coordenação motora e um desenvolvimento motor esplêndido para os infantis. Óbvio que isso se aplica também ao aprendizado do Squash, mas deve ficar bem claro para os pais que especialização precoce dos movimentos esportivos para a criança atrapalha seu desenvolvimento. De que adianta ter uma criança que faça um movimento de backhand perfeito para o Squash, mas que não tenha agilidade ou coordenação para se deslocar de forma rápida e qualificada para golpear a bola?? Ou ainda pior, muitas vezes a criança tem um dom natural e, com seus 10 ou 11 anos já consegue jogar de igual para igual com os adultos. Mas quando chega aos seus 14 ou 15 anos, idade boa pra deslanchar na modalidade, perde a vontade de praticar devido ao inicio precoce. Faça as contas: se uma criança começa no Squash com uma rotina de aulas aos seus 5 ou 6 anos, como será quando tiver 15 ou 16 anos? Ela passou 10 anos de sua vida jogando Squash, em uma rotina cansativa de atleta. Quando tiver a oportunidade de escolher o que quer, aumenta a chance de escolher outra coisa pra fazer, o que já vi acontecer inúmeras vezes.

Por tanto, ATENÇÃO pais que gostariam de ver seus filhos brilharem nas quadras de Squash: primeiramente desperte o interesse dele, inspire seu filho ou filha desde cedo, sem compromisso algum. Dê uma raquete para se familiarizarem, leve a em alguns campeonatos para brincarem com raquete e a bola, faça pegar gosto pela coisa. Mas a vontade tem que vir naturalmente - coisa fácil de acontecer, pois toda a criança se apaixona pelo Squash. Segunda dica: calma. Não ponha a carruagem na frente dos bois, só por que seu filho demonstrou interesse ou leva jeito para coisa. Não o enfie em uma quadra e faça-o praticar, apenas o deixe explorar. Se quiser colocá-lo para fazer aula ATENÇÃO para o tipo de aula. Se seu filho tem menos de 10 anos, observe se as aulas já não estão muito especializadas, com muitos movimentos específicos do squash. O professor deve trabalhar ensinando técnicas com brincadeiras e atividades que trabalhem saltos, deslocamentos, corridas, cambalhotas..., a criança deve brincar de Squash, para todas as habilidades motoras da fase sejam exploradas. E quando tiver com 15 ou 16 anos terá desenvolvido vontade e habilidade para jogar Squash.

Priorize um planejamento de ensino, tenha paciência, não exija resultados das crianças, não as pressione. O ensino é um processo que de movimentos gerais gradativamente para a especialização. Isso leva tempo e requer paciência. Se seu filho quiser ele será um bom jogador ao longo de 6 ou 7 anos, e não dali 1 ou 2 anos. Não torne seu filho ou filha um fenômeno aos 10 ou 11 anos de idade e um frustrado aos 15. Muito dialogo nesta fase é importantíssimo. Seja paciente e para enxergar a vontade do seu filho e não a sua.  

Fabio Milani  - Professor de Educação Física pela Universidade de Maringá. Pós Graduado em Atividade Física e Saúde pelo Centro Universitário de Maringá. Professor e Técnico da Equipe de Squash de Maringá e Londrina. Campeão paranaense 1ª classe de Squash - 2011

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