sexta-feira, 8 de abril de 2011

Columbine não é aqui

Mesmo que um ou mais de nós enlouqueça, a vida segue seu curso e as pessoas tomam seus rumos, bebem seus vinhos, todos os dias, na mesma calçada, na mesma padaria. A caravana segue o sol e mesmo que haja morte, massacre, milagre, ninguém se compadece por muito tempo. O dia e a noite serão os mesmos, as luzes, os ares, os bares e biroscas. As famílias vendo o jornal à mesa sempre serão as mesmas e, passado o momento, ficam apenas as dores silenciosas de quem sofreu aquela perda, de súbito, inexplicável. Mas as filas andam e logo outras tragédias humanas serão "mais importantes" que a última da vez. O inexplicável se sublima com uma facilidade incrível, basta que a caravana siga em direção ao sol, até o próximo inverno, lançamento da moda ou carnaval.
Aqui não é a "Columbine", mas agora sabemos o que aquela gente sentiu. Será que aqui a coisa assume ares mais grotescos e emotivos porque somos latinos? Acho que não. Os fundamentalistas religiosos apoiam atos muito mais grotescos (se é que existem) que fuzilamento de crianças. É mais uma faceta perversa que nos ronda sem piedade. Será que o bulling tem alguma coisa a ver com isso? Difícil saber, mas pode ter a ver sim. Tudo o que a gente toma da natureza ela nos cobra de volta. A infância e a inocência das nossas crianças será sempre cobrada centavo por centavo, através do meio em que vivem e dos exemplos que são dados. Então a natureza vem dar o troco: parte de uma geração cresce rude, sem cidadania, limite  ou sanidade. E trava uma guerra particular contra inocentes. Nada mais surreal e mundano. Mas daqui a pouco ninguém mais se compadece.

Um comentário:

  1. Dani,

    Desta vez tem "S" demais: asssume, na 2ª frase do 2º parágrafo.

    1 abç, Alex.

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