segunda-feira, 9 de abril de 2012

Acupuntura - tratando a dor com critério, qualidade e credibilidade

Pergunte a um leigo de bate e pronto: “o que é acupuntura?” e a resposta não vai fugir muito à regra: um especialista, normalmente chinês ou japonês, espeta umas agulhas fininhas em você e isso vai curar um monte de dores. Esta visão leiga perpetuada, junto com o fato de a regulamentação da prática no Brasil ser confusa, torna difícil o entendimento da acupuntura e sua dimensão como benefício à saúde.  A Acupuntura é uma intervenção de origem milenar chinesa, onde o especialista perpassa a pessoa com dezenas, às vezes centenas de pequenas agulhas da finura de um cabelo. O local exato é chamado ponto de acupuntura e pode ser estimulado por meio de manipulação ou corrente elétrica. Acredita-se que este processo estimule a liberação de endorfinas, um opióide natural produzido pelo organismo sempre que temos sensação de prazer. A endorfina age como um analgésico para dores das mais variadas, o que explicaria o sucesso de determinados tratamentos com as agulhas.
Chamou a atenção uma recente decisão judicial em Brasília. O Tribunal Regional Federal da 1ª região determinou que apenas médicos podem praticar Acupuntura. Então até hoje não era assim no Brasil? Basta fazer um curso e sair espetando? Acupuntura é um procedimento evasivo e ponto. Pode até ser minimamente evasivo, mas é fato. Existem diversos estudos comprovando os efeitos benéficos dessa prática, muito embora a elaboração dos mesmos seja extremamente complexa. Um documento da OMS reconhece a Acupuntura como medicina complementar e lista uma série de patologias cujos pacientes poderiam obter benefícios comprovados. São elas: dor cervical (melhora em 67% dos casos), renite alérgica (melhora em 97% dos casos), cólica Biliar (eficácia em 72% dos casos), insônia (normalização do sono em 98% dos casos), dores faciais (analgesia em 100% dos casos), enchaqueca (eficácia em 80% dos casos), dores lombares e no ciático (melhora em 72% dos casos) e dor no joelho (melhora em 65% dos casos).  E o mesmo documento é cauteloso em separar também doenças para as quais já existe percepção de melhora, porém faltam comprovações científicas complementares. E, da mesma forma, separa indicações para as quais o acupunturista precisaria ter os conhecimentos de um médico para gerenciar o tratamento.  
Há quem defenda que só um profissional capaz de fazer anamneses e diagnósticos precisos sobre o estado do paciente deveriam ter licença pra a prática – nesse caso, ficariam os médicos, dentistas e veterinários. Não vejo aí a solução. A procura cresce e simplesmente restringir só aumenta o interesse de quem quer ser tratado, um prato cheio para o “mercado paralelo” das práticas ilegais. Em países os quais o tema é levado a sério, existem cursos superiores de acupuntura, tal qual enfermagem ou medicina. Só nos Estados Unidos, são cerca de 50 escolas acreditadas pelo Accreditation Commission for Acupuncture and Oriental Medicine (ACAOM), uma espécie de “OAB”(*) da medicina oriental no país.
Resumo da ópera, quem quiser exercer tem que provar que sabe, estudando muito -  vai pra faculdade.  Acreditação é por mérito, não por pressão política ou social. Nada mais justo, nada mais milenar.
fontes: Guidelines o Basic Traning and Safety in Acupunture, Acupunture reviews, analysis of reports and controlled clinical trials (OMS), Acupunture Today, ACAOM website, e Revista época.

(*) OAB - Ordem dos Advogados do Brasil - tradicional entidade encarregada de regulamentar e fiscalizar de forma rigorosa o exercicio da advocacia no Brasil.

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