Fui
surpreendido outro dia, com uma lembrança que, a meu julgamento, dá uma medida
no mínimo interessante da “evolução” da arte musical popular e que me levou a
uma reflexão. Não era porque há 55/60 anos atrás não tínhamos como hoje os DJs que
além de comporem (e muito) também mixam, pintam e bordam com as pick-ups atuais que a gente deixava de
curtir um sonzão e dançar muito, nos deixando transportar deste mundo para
algum outro onde só habita a música. Mas a tecnologia, claro, lhes permite
compor trilhas bem originais. Louvores a Tiesto, David Guetta, Fatboy Slim,
Moby, Bob Sinclar e o próprio Zé Pedro (ex DJ dos programas da Adriane
Galisteu). Milagreiros high-tech. Seus "sets" são tocados por DJs do mundo todo
ou baixados de graça na Internet. E tudo isto tem um valor imenso mas, e sempre tem um mas...
Hernesto Hill Olvera |
E
o astro a que se refere este post
tocava órgão, era tão cego quanto Ray, mas seu órgão não faltava falar. Ele falava.
Sem computadores, sem softwares, sem
periféricos e sem qualquer outra coisa a não ser o fato de ser eletrônico. Ou
seja, ele falava literalmente na unha.
Só com a habilidade do organista ERNESTO HILL OLVERA. Era um Hammond B-3. Mas
quem era este gênio? Ernesto foi um
músico mexicano nascido em Aquascalientes, em 22 de dezembro de 1936 que aos 7
meses de idade perdeu a visão. Aos 3 anos a família mudou-se para Guadalajara e
aos 6 anos ingressou no Instituto de Capacitação para Meninos Cegos. Aos 12
graduou-se e aos 13 começou a estudar piano e já em restaurantes locais e na
Cidade do México para onde já tinha se mudado em busca de oportunidades. Conta
a lenda que um belo dia o restaurante onde trabalhava comprou um órgão,
instrumento o qual nunca aprendera a tocar. Para tal teve que desenvolver sua
própria técnica. Para chamar a atenção dos amigos desenvolveu uma técnica para
articular seus nomes, que consiste em abrir gradualmente os registros do
Hammond para articular as vogais, com cujo movimento criava as palavras dando a
impressão de um órgão falante. E era com este padrão de bom gosto que se
dançava, que se promovia uma festa de
embalo, tomando no máximo Cuba Libre. Sem funk, sem punk, sem
eletrônica e sem DJ’s. Entre uma e outra de Ernesto Hill Olvera, um Franck
Sinatra, um Bing Crosby e..era isto que a casa oferecia.
Pra quem não conhece, veja se o mexicano era ou não era o cara, na sua interpretação de Vereda Tropical, de Gonzalo Curiel.
Pra quem não conhece, veja se o mexicano era ou não era o cara, na sua interpretação de Vereda Tropical, de Gonzalo Curiel.
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