domingo, 29 de maio de 2011

Balões intragástricos - inquilinos complicados


Balão Intragástrico - metade do estômago

Estávamos nos anos 80. Na Alemanha, um grupo de médicos viu que alguns pacientes psiquiátricos que comiam cabelo perdiam mais peso do que os que não tinham esse distúrbio. Um bolo de fios de cabelo se acumulava no estômago e dava a eles a falsa sensação de saciedade. Os pacientes emagreciam. Nascia a idéia rudimentar do balão intragástrico, que foi sendo estudado até chegar no dispositivo atual pra ajudar a conter a obesidade mórbida. Entenda-se por obesidade mórbida toda pessoa com IMC igual ou superior a 40.

É indicado pra pacientes que vão passar pela cirurgia bariátrica. Eles precisam reduzir peso antes do procedimento, diminuindo riscos. Só que virou uma febre o tal do balão, atraindo o interesse de gente que está longe de ser paciente mórbido. A colocação é por via endoscópica e o procedimento leva uma hora. O balão ocupa metade do estômago e fica lá por no máximo seis meses, sendo retirado pelo mesmo processo endoscópico. Por se um corpo estranho, após a colocação, o paciente vai ter efeitos colaterais, tais como enjoos, cólicas e dores abdominais que passam a medida que o organismo vai se acostumando com o novo inquilino. No entanto, cerca de 20% dos pacientes precisam de hospitalização pra lidar com a dureza dos efeitos.

Mas pra quem colocou o balão e perdeu seus 15 a 20% de peso, o desafio perverso vem depois. Se a vontade de esvaziar a geladeira permanece, a chance de voltar com força a exibir o antigo corpo roliço é quase certa. Os pacientes invariavelmente recuperam o peso. Então, não tem milagre mesmo e todo o esforço converge pra aquilo que já se sabe há séculos: exercícios físicos disciplinados (e são pra sempre, não tem jeito) e uma nova forma de se relacionar com a boa mesa. Um amigo médico me disse certa vez que o obeso não quer emagrecer, ele quer ser emagrecido. Muito sábio. Não vai ter balão que mude essa máxima. E tudo começou porque alguém em surto comia cabelo...
fonte: allergan website e Revista Veja.

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