sábado, 25 de agosto de 2012

PT550 - tudo começou em 1993



Volta no tempo, uma pausa - final de 1993. Saí apressado de uma loja da CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações) respirando acelerado. A CRT era a companhia telefônica da época, hoje Telefónica. Carregava uma caixa, pra ser aberta quando entrasse no carro e assim o fiz – abri e um aparelho de telefone celular, modelo PT550 da Motorola, todo cinza, me olhava. Apertei o botão no teclado e dei vida ao “robô”, mas pra começar a funcionar, precisaria de uma carga de 24 horas. Depois, era acionar e pronto. Uma indefectível tela com dígitos verdes, de calculadora dos anos 70, acendia – era analógico e a era do chip ainda não tinha chegado. Tinha uma antena de plástico e a bateria durava 12 horas. Se não esperasse descarregar toda, viciava. Comprar uma nova era quase como pagar metade do preço do aparelho. A solução invariavelmente passava pelo Paraguay e uma bateria "tabajara" repousava no porta luvas. Mas o detalhe mais assustador vinha no bolso: além dos 1.200 reais do aparelho, dos 500 reais pagos pela linha (sim, a linha tinha um “ágio” e era disputada a tapa) eu ainda pagaria uma fortuna por uma ligação, fosse ela feita ou recebida. E pra obter esse "produtaço" tinha passado por um sistema de seleção da operadora - a linha de corte era quem tivesse bala na agulha pra pagar.

Da minha empresa, de uma equipe de 12 pessoas, me viam como um E.T. – fui o único a encarar um celular por meses. Meus colegas me olhavam estranho: “- Esse guri rasga dinheiro. Pra quer esse troço? Pro chefe ficar caçando ele na rua?”. Meu chefe chegou a se entusiasmar, mas quando declarei que EU pagava os papos, recuou. Fazer o que? Pra um guri recém saído da casa dos pais, era um charme falar de qualquer lugar. Raro era encontrar alguém com um e quando encontrava, era como a maçonaria dos “com celular”, até rolava um cumprimento – mas a realidade bateu à porta logo na primeira conta: um quarto do meu salário pra pagar aquelas ligações que pareciam coisa de outro mundo.

247 milhões de linhas celulares depois, me deparei hoje com uma foto daquele meu primeiro “tijolar”. Deu saudades. Porque a gente falava e ouvia, tinha charme. A relação com o serviço ao menos parecia ser mais honesta - não pegava em lugar nenhum, todo mundo sabia, a CRT assumia que não tinha antenas suficientes e pronto. A cobertura era raríssima, ainda assim era divertido. 

Hoje, ainda não se sabe ao certo onde tem sinal. E nem a Motorola conseguiu renovar, se perdeu. A indigestão de aplicativos entedia e nos afasta. E eu quero falar, mesmo sem sinal. Se conseguir, dá até pra falar, mas pra que? Tem o raio do SMS...

veja video da vodafone sobre o futuro dos celulares.

2 comentários:

  1. Ainda lembro da geracao anterior que as pessoas andavam com uma bolsa junto que saia um fio tipo de telefone fixo....Esse cinza ja era "mega moderno" kkkkkk
    Tenho guardado meu 1 celular um Ericsson com uma antena de 15cm inflexivel

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    1. Pois é, e a gora tem gente querendo usar aqueles fones antigos com um fio saindo da bolsa de novo, com se fosse moda. Vai entender....obrigado pelo comentário, Ana.

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