quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Celular para crianças: "- dou, não dou?" parte II


Sigo pensando no post anterior, tão rico e perturbador que chamou outro post. Coisa rara aqui no blog. Dar celular pra crianças de 13 anos ainda não me convence, faltam argumentos. A Dra. Wendy Sue Swanson foi cuidadosa em não assumir posições no artigo do The New York Times, focando-se em dados de pesquisa. Isso me traz um certo alívio. É natural titubear quando uma liderança de opinião tem um posicionamento diferente do seu e vem com alguma base. Me pergunto se na rotina de uma criança de 13 anos existe algum compromisso ou evento imprevisto que torne necessário carregar um celular full time. Me transporto ao dia em que fui à minha primeira festa, tinha 13 anos. Meu pai não dormiu naquela noite, mas não se opôs a me dar uma carona, ida e volta. E assim foi até que ele adquirisse confiança suficiente pra deixar que saísse e voltasse no carro dos amigos, todos eles conhecidos e “filmados” de perto.

Escola da Flórida - estímulo ao uso didático
Quando a criança adquire o direito de ir a uma festa, leva de brinde a carona dos pais. Normal, faz parte do pacote chamado “direito de ir e vir”. Mas não leva o direito de uso da ferramenta (o carro). Uma criança não tem maturidade, prática, comedimento e muito menos carteira de habilitação (ao menos no Brasil, onde o mínimo exigido é 18 anos).  E, um detalhe importante: não tem condições de pagar a gasolina que seja (por conta própria). Estou tentado a ver o celular sob a mesma perspectiva – à medida que vão surgindo situações as quais exijam comunicação em tempo real, vou prover isso: um celular “da casa” com restrição de recursos (sem web ou quaisquer aplicativos supérfluos) e com uma restrita lista de chamadas (casa, parentes, polícia, bombeiros, amigo próximo da família). Esse aparelho fica “no hangar” até haver consenso (meu com minha esposa) sobre se, para aquele evento “x”, o celular pode ser útil. Um chip pré-pago será o combustível e qualquer necessidade a mais de uso poderá ser descontada da mesada, mediante outro consenso. É a velha máxima motivacional de que só é possível desfrutar a pleno daquilo que posso pagar, é assim com tudo na vida.

Aguardo que uma nova tendência possa me surpreender - o uso produtivo do celular em sala de aula, por exemplo. Em algumas escolas americanas, a criançada é incitada a participar de jogos interativos na sala de aula. Também recebe SMS da escola com lembretes de suas tarefas de casa e de suas provas. É a área pedagógica se moldando aos novos tempos. Se isso for um caminho sem volta, prometo rever tudo.  

Você concorda? Não? Viva a diversidade...

fontes: Kajeet website, New York Times website, Folha online, The Pwe Research website.

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