terça-feira, 16 de junho de 2015

Desilusão de um amigo e Luis Fernando Veríssimo

Por Luiz Souza Filho/Porto Alegre

Antônio Carlos Santos Rosa é professor universitário aposentado (UFRGS). Meu amigo de longa data, parceiro de trabalho e irmão filosófico, sobre quem eu pensava que sabia bastante, me causou uma grande desilusão que levei semanas para metabolizar.
Ele tinha um lado de sua vida que expertamente escondeu de mim durante todo o tempo em que vínhamos convivendo. Eu sabia e apreciava sua vida acadêmica como professor da UFRGS, sua atuação como parceiro emérito na consultoria de empresas e como meu conselheiro pessoal. Mas como tudo não é perfeito, o ROSA tinha um lado “B” que eu, como suposto amigo, me julgava no direito ter sabido antes, mas que sequer supunha que existia. E isto pra mim foi demais.  Mas vamos ao caso.

No final do ano passado ele entrou no meu escritório e com uma expressão de gato que lambeu o mel e quebrou o pote me estendeu a mão com um livro de sua lavra que coloquei na fila junto a o Michael Moore, David Nicholls, James Kaplan e Moacyr Scliar, que me aguardavam para serem degustados. Até que um belo dia minha esposa me perguntou com a maior naturalidade: ”o que achaste do livro do Rosa?”

Só que eu não achava, pois ainda não tinha lido magoado por não saber do lado “B” do professor.

Abri só para folhear e encontrei o convite abaixo lá dentro do dito cujo. E vi que estava semanas atrasado para  a sessão de autógrafos que seria (e foi) na 60ª Feira do Livro de Porto Alegre, um dos maiores e o mais antigo evento literário do Brasil, ao qual no ano passado eu tinha comparecido.

Como podia um amigo de tantos anos me ter tratado desta maneira, escondendo tão bem escondido o segredo de que é escritor. Comecei a ler na hora, por mera penitência, e só fui parar às 3 da manhã seguinte, no fim do livro. E a mágoa tinha sumido, devido às horas de encanto e magia que sua obra me proporcionou.   Obrigado Rosa por seres meu amigo e por teres escrito A BANDA. Pudera quem sou eu para contrariar Luis Fernando Veríssimo. Veja o que ele diz no prefácio do trabalho:

“Histórias há muitas, fantásticas ou não fantásticas. Qualquer vivente com imaginação ou poder de observação pode inventar ou contar uma história. E como todo mundo tem pelo menos um pouco de imaginação e presta um mínimo de atenção, não há grande mistério em produzir ou reproduzir uma história. Mas se é assim, o que distingue as boas histórias das histórias corriqueiras, das histórias de qualquer um? A diferença está no contador. A história só é boa se o contador sabe contá-la, se for alguém fora do comum, ou que tenha a capacidade de transformar qualquer relato numa narrativa que nos prende. ANTÔNIO CARLOS SANTOS ROSA é um desses contadores privilegiados. Tem ótimas histórias para contar e, decididamente, sabe contá-las. Neste caso, o adjetivo fantástico serve tanto para as histórias contadas em A BANDA quanto para o seu autor.”  Assinado, Luis Fernando Veríssimo.

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