quinta-feira, 31 de março de 2011

Meu Avô e o José Alencar

Meu avô faleceu em 1990. Depois do velório, fui pra casa pensando numa homenagem solitária pra ele, do meu jeito, do melhor jeito que eu podia. Meu recurso era o desenho. Fiz uma charge onde ele subia um escada rolante e no final, Elvis, Elis Regina, Carlitos, Cazuza (e não me lembro mais quem) esperavam. Num salão de festas, se não engano, todo mundo lá sorridente pra abraçar o Seu Antônio em sua última jornada. Não sei onde coloquei o desenho, tá em alguma pasta guardado (prometo procurar e publicar). Quando vi o desenho do cartunista Quinho em homenagem ao Ex-Vice-Presidente José Alencar (ao lado), lembrei do meu avô. Mundo pequeno esse. Meu avô não era empresário do ramo têxtil, mas foi micro empresário do pão. O Seu Antônio foi entregador de pão em carroça, mal chegado de Portugal e, de pão em pão, foi fazendo uma bem sucedida carreira de dono da antiga Padaria Brasil (nem sei se ainda existe), até ficar doente lá por 1970. Não foi preciso ficar rico pra ganhar o respeito e o apreço de quem com ele conviveu. E nisso, o ex-vice falecido e meu avô eram meio parecidos, acho eu. Não sei porque mas tenho a impressão de que um José Alencar sem fortuna e sem papel político-social seria tão respeitado quanto meu avô. 
Até provem contrário, salvo o patrimônio, ele e meu avô eram muito parecidos. Ter mais Zés e mais Antônios como estes Brasil afora, já seria bem melhor pra todo mundo. Valeu Vô, valeu Zé Alencar (não o "de Alencar", escritor).
fonte: Blog do Quinho. 

terça-feira, 29 de março de 2011

SENNA - angustiante e obscuro

Sentei pra ver o filme do Ayrton Senna, lançado em 2010 (SENNA - 2010). Na capa do DVD se lê “emocionante sem ser ufanista”. Após ver o filme, achei “pesado, angustiante e sem necessariamente mostrar a que veio”.  Devo ter compreendido mal a intenção do filme, porque fora as cenas inéditas (e excelentes), o restante foi extremamente explorado na imprensa leiga ao longo dos anos de "luto" pós Ayrton. Sobrou um gosto amargo, a exposição de um “mito” como um profissional obcecado e cheio de conflitos. Um impecável perfeccionista que talvez não tenha enxergado o senso de limite no momento certo. Esperto foi Alain Prost, também habilidoso, mas mais político, com movimentos calculados e com muito amor à vida. Não que o Senna não o tivesse, mas fica claro que a "crença em Deus como seu fiel depositário" escondia, no fundo, a inconsequência. Papai do Céu pode até fiscalizar, mas não joga. Todo mundo tem livre arbítrio, minha opinião. 
SENNA - merecia uma superprodução, não mais um documentário
Eu esperava um filme biográfico com atores nos papéis, corridas emocionantes. Acho que pra um cara como Ayrton Senna, filme-luto não faz mais sentido, secou o chôro.  Ayrton merece um filme como “O Aviador” (sobre Howard Hughes), uma superprodução romanceada onde os conflitos humanos sejam coadjuvantes da saga visionária. Muita corrida, mulheres bonitas, brigas de egos e o grand finale. Chega de documentários sérios e sombrios, chega de catarses. Um mito nacional se renova pelo vigor das suas realizações e não pela sua eterna angústia mal explicada – é humano demais.  

domingo, 27 de março de 2011

Resiliência - A Revanche

Como ensinar Resiliência pros nossos filhos?

“Quando a família do meu avô migrou pra o Brasil fugindo dos efeitos do pós-guerra, não sabiam falar uma palavra em português, só japonês. Foi assim que meu avô foi pra escola - apanhava direto da garotada, porque não entendia o português. Aprendeu idioma deste jeito: apanhando – e hoje o pessoal fala de bulling como se fosse a pior coisa do mundo.”
Ouvi isso do meu amigão Ricardo, parceiro de Squash. Nada mais sensato. Então lembrei da coisa da resiliência. Resiliência. Já falamos dela no blog (clique na palavra). Com essa história do Ricardo, penso em filhos. Como é que se ensina a usar a inteligência para que possam resistir às pressões e obstáculos do dia a dia e da vida? Parece um pensamento comum? Pense nessa população de vinte e poucos anos que invade as empresas de hoje e que não sabe esperar nada, não se apega a nada nem sabe levar desaforo pra casa. Vejo neles bacuris mimados, cheios de proteção, resguardo e soberba, sem receber um “não” decente. Uma vida sem frustrações nem perdas. Tá assim ó de gente desse tipo querendo espaço.
A dica mais coerente que encontrei sobre como um pai pode tirar filhos do caminho da soberba li num artigo do Professor Luiz Carlos Cabrera. Esportes coletivos, trabalhos manuais e o aprendizado de um instrumento musical impõem à pessoa desafios absurdos. Anos de persistência podem criar um resiliente. Então tá, nem apanhar por não saber um idioma, nem dar passagem a um pequeno monstro arrogante.
Ricardo, se nossos avós não tiveram lá muita escolha, nossos filhos terão perspectivas bem mais interessantes e nós podemos dar isso a eles, só nós. Saúde pra nós! 

"Pra que serve o Maestro??"

Saíamos na porta do teatro em silêncio, o ar lá dentro estava viciado. Com a Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí e o violão do Maestro Fábio Zanon ainda na cabeça, quebrei o silêncio: “Da 5ª sinfonia de Beethoven, a gente conhece mais o primeiro movimento, é mais popular.” Minha mulher se saiu com essa: “Ok, mas...pra que serve o maestro?”. Demorei um pouco pra responder, precisava organizar essa resposta. Pensei que fosse mais fácil responder a isso. 
Fábio Zanon
Músico e Regente de renome internacional
A partitura de uma música é uma reunião matemática de notas musicais e, por isso, tem peculiaridades que não são entregues ao músico no mais. A interpretação, a forma como cada músico vê a peça, a perspectiva é algo que só depende de cada músico. É como se cada música tivesse um “sotaque”, dependendo de quem a executa. Uma orquestra tem de 30 a centenas de músicos. Imagina se cada um for dar a sua interpretação e sua visão de mundo ao tema, sem uma conexão única, uma harmonia – seria uma bagunça. O maestro unifica tudo isso. Ele reúne os talentos individuais numa única interpretação. É da função dele antever as entradas, marcar as explosões emocionais da música, transmitir sentimento e dar personalidade própria e única à orquestra. Também precisa conhecer muito bem diferentes estilos musicais e repertórios, pois é ele quem diz a cada grupamento de instrumentos qual a melhor forma (e a mais original) de interpretar uma obra, como deve soar. O maestro é capaz de comunicar suas intenções e fazer vibrar o conjunto apenas com o olhar. E o grupo de músicos, que normalmente são os melhores, reconhece nele a autoridade de um líder. É claro que a orquestra é capaz de executar um tema sem o Maetro, mas certamente seria um bando de caras geniais executando um tema cada um à sua maneira - isso é bem diferente.
Meu filho ouviu a tudo e não perdeu a chance: “pra que o pauzinho na mão do maestro?” – A batuta hoje é mais um símbolo, um ícone da autoridade do Regente. Segundo os entendidos, é tecnicamente dispensável. O Maestro João Carlos Martins, por limitação das mãos, rege sem batuta.
Uma vez estive numa palestra sobre Gestão com o Maestro Walter Lourenção, criador da Sinfonia Empresarial - tema que correlaciona o funcionamento de uma orquestra com o de uma empresa, seus funcionários e líderes (no caso, os Maestros). Só ali, consegui entender bem o papel de um Regente - precisou um maestro, 80 músicos e duas horas de palestra com demonstrações práticas. Não admira que minha mulher e meu filho (e assim como a maioria das pessoas) ainda se perguntem "Mas afinal, pra que serve o Maestro?".
Veja performance da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório de Tatuí e mais abaixo performance do Maestro Fábio Zanon:


fontes: wikipedia, Conservatório de Tatuí website e Cifra Club

segunda-feira, 21 de março de 2011

Maria Bethânia e o Blog de 1,3 milhão de dólares

"O mundo precisa de poesia"
...à custa do nosso bolso

A notícia não é fresca, mas pra fazer barulho e coro nunca é tarde. A super cantora de todos os tempos Maria Bethânia Viana Teles Veloso (ou simplesmente Bethânia), filha de dona Canô e irmã de Caetano Veloso, amparada na Lei Rouanet pediu (e levou) 1,35 milhão de reais para fazer um blog de poesia. Gente normal faz sites belíssimos e blogs fantásticos com “milão” e ainda sobre troco. Chega a ser cômico essa gente fazer um negócio desses e achar que não vai vazar pra todo mundo. Também não dá pra subestimar: talvez saiba e nem se importe.
Blog caro esse...será que tem a ver com o fato do Ministério da Cultura (MINC) ser chefiado pela irmã do Chico Buarque (Ana de Hollanda)? Por esse preço,  entram ate efeitos especiais e versão 3D. Vai ter a chuva que lança areia do Saara sobre os automóveis de Roma...
Se, de fato Bethânia recebeu a grana ou não, não sei - seria injusto julgar sem ter certeza. O que questiono é a seriedade da coisa, mesmo que sequer cogitada - afinal um projeto destes pode ser enquadrado na Lei Rouanet? Sob pena de projetos culturais sérios ficarem sem o recurso por causa da repercussão de iniciativas hediondas como esta. Tome tenência dona Bethânia. Você não é uma Abelha Rainha - as abelhas rainhas trabalham com recursos próprios, humildemente e sem alarde. Não envergonhe o nome de Dona Canô. 

Cervejas "SEM ÁLCOOL" - não beba gato por lebre

Um dia, num churrasco, um amigo me ofereceu uma breja. “Não, obrigado, parei com o álcool”. Meu amigo não acreditou: “-Sério, Danielzinho? Brinca não, cadiquê?”. Expliquei pra ele que as coisas começaram a perder a graça com a Lei Seca e terminaram por recomendação médica. Até onde ele acreditou, não sei. Mas dali pra frente, um fio de esperança prevalece. Nos outros churrascos, ele me olha sorridente e oferece um copinho, mas nem pergunta. Fica o brinde silencioso.
Conheci então o mundo das cervejas ditas “sem álcool”. Há quem diga que o gosto é ruim, o que discordo. Nem ruim, nem bom – diferente. E se você ficar seis meses sem tomar cerveja alcóolica, sua referencial muda e tá tudo certo. Mas geladas, elas cumprem um bom papel de não exclusão da roda de amigos. É incrível, mas em festas e churrasquinhos de amigos parece que quem não bebe não desfruta, é um ET social. O descaso é tão grande que o “abstênio” quase sempre toma bebida quente. E quanto mais sobe o nível etílico dos amigos, os sorrisos do abstênio vão ficando mais amarelos e forçados. Até aí, tudo bem, questão de adaptação. Mas tomar guaraná quente é um pouco demais.
"Sem álcool" - várias marcas, poucas opções
Só que no Brasil do “vai levar só um minutinho” (e pode durar horas) e do “daqui a pouco” que pode significar “jamais”, cerveja sem álcool TEM álcool e a lei ampara: Lei nº 8.918, de 14 de julho de 1994, que dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas. Art. 10: As bebidas serão classificadas em bebida não alcoólica e bebida alcoólica.   § 1o Bebida não alcoólica é a bebida com graduação alcoólica até meio por cento em volume, a vinte graus Celsius.
Ok, a lei ampara mas é contraditória:  "Bebida não alcoólica é a bebida com graduação alcoólica..." . Afinal é alcoólica ou não é? Então você chega no supermercado, pega uma latinha escrita “sem álcool” e ela tem álcool, são 0,5% de álcool a cada 100mg, o limite da lei. Se eu tomar 10 latinhas ingênuas, sou o “pato” ideal para bafômetros. Algumas tem 0,37%, de álcool, essas são “um pouco mais seguras”. Mas até aí tudo bem, estamos falando de bafômetros. Resta saber se pessoas com rigorosa restrição médica ao álcool (por doença ou por alcoolismo, por exemplo) não estão sendo induzidas a erro e arriscando o pescoço por uma lei “dúbia” sabe-se lá por qual motivo ou interesse. Não encontrei na web uma explicação clara pra isso. Então se o teu médico te proibiu de ingerir álcool, quer um conselho? Procure as latinhas com a denominação “ZERO álcool” no rótulo. Se existe, é porque dá pra fabricar e se dá, desconfie da idoneidade de quem diz que não tem e tem - tá fora. No país do “tudo pode”, sua saúde em primeiro lugar. Fala sério, abstênio se ferra até na legislação. Mas sinceramente não me arrependo.
fonte: Proteste website , MP São Paulo website e Brejas website    

quarta-feira, 16 de março de 2011

Remédios com bulas alteradas chegam às farmácias


Lote aprovado pela Anvisa é composto de 202 medicamentos, entre eles os conhecidos Buscopan, Dramin, Claritin, Cebion e Eparema. Os fabricantes têm até julho de 2011 para colocar no mercado suas bulas mais legíveis e didáticas, conforme resolução de 2009, já revisadas e aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As alterações pretendem corrigir problemas de formato, conteúdo e linguagem. Quer ficar por dentro sobre tudo o que acontece no setor de saúde? Assine gratuitamente a nossa newsletter diária e receba os destaques em sua caixa de e-mail. Entre as principais novidades estão as letras maiores e a informação mais simplificada, organizada em forma de perguntas e respostas. No ano passado, todas as farmacêuticas tiveram que encaminhar à agência os novos impressos. Agora, o órgão analisa os documentos e os libera, em lotes. A resolução atual vale para todos os medicamentos. Só ficam de fora os considerados de baixo risco -água boricada, por exemplo.
Fonte: Businessweb (matéria na íntegra) 

domingo, 13 de março de 2011

Impressão 3D - da idéia ao produto final "no stop"

Impressão 3D: da idéia ao produto final em casa
Uma carta sem selo nem envelope que se manda em 1 segundo e cuja resposta da outra pessoa pode levar outro segundo. Foi o caminho utilizado pra explicar pra minha avó o que era um e-mail. O dia que o meu filho bateu o olho numa máquina de escrever, o efeito foi ao contrário - “Pai, o que é isso?”. Recurso usado: “É como uma impressora manual, filhão”. Agora, outra transformação – impressoras capazes de cuspir modelos em 3D, como peças de lego, de maquetes. Ao invés de uma simples impressão em papel, em poucas horas, qualquer pessoa sem conhecimento técnico pode ter um polímero tridimensional de qualquer objeto que se queira, como se fosse um molde. Basta o uso de um aplicativo que define a forma e envia a informação para a impressora. Os métodos são os mais variados, dependendo do equipamento, desde injeção de material plástico como ABS (como já vem ocorrendo há muitos anos em grandes indústrias) até os mais modernos, como utilização de lasers para micro-fabricação tridimensional em gel.
A primeira vista, é razoável pensar na utilização da impressão 3D em design, engenharia e arquitetura. Mas imagine isso tudo a serviço da medicina. Próteses extremamente complexas, imaginadas pelo médico e produzidas em algumas horas, da idéia ao produto final, sem intermediários. Não é mais realismo fantástico, já faz parte do nosso dia a dia inclusive no custo. Em 2005, um mimo destes custava cerca de 100 mil dólares. Hoje, a impressora 3D mais simples é encontrada na web por cerca de 700 dólares, mais barata que alguns celulares.
Só não sei ainda como explicar isso ao meu filho e pra minha avó: “Vó, a senhora mete um cubo de plástico sólido nesse microondas, aperta um botão e “puf” vira uma estatueta de São Jorge”. Veja abaixo, fica mais fácil de entender o conceito na prática.
fonte: terra.com, revista exame e wikipedia

sábado, 12 de março de 2011

Country rock do Lady Antebellum - coisa nova e boa nas rádios

Charles, Dave e Hillary
Não está fácil identificar um rock contemporâneo autêntico. Um rock com levada pop, que capriche nas guitarras e que mostre claramente suas raízes no country e no blues. E nesse campo, as opções tem sido poucas. O pessoal do country exagera nos caipirismos, no drama, slide guitars e violinos. Me perdoe o pessoal que idolatra o country e o sertanejo, mas aqui não é Nashville, sinto muito. Tem tanta gente fazendo coisas ruins e essa poluição confunde a gente. Então ouvi a balada glicosada do Lady AntebellumNeed You Now – ficou famosa numa dessas últimas novelas da Globo, não sei qual. Evidente que era algo diferente, não era pop nem country melodramático. Americanos e sertanejos curtem dramalhões, mas o Lady Antebellum tomou cuidado, não chegou lá. Preste atenção na qualidade da balada, vocais bem trabalhados o suficiente pra não enjoar nem cair no comum. Fui ouvir então as outras músicas deles - seguem a mesma linha. O Lady Antebellum é uma banda country que abraça o rock. Dois excelentes (e bonitos) cantores, um guitarrista simpático e com um jeito de tocar personalista, instrumental impecável, letras simples e bem feitas e uma aura roqueira irresistível. A Hillary Scott, sozinha, lembraria uma Sandy bem mais charmosa e vibrante, mas comum - vale quanto pesa o trabalho de equipe. Não foi á toa que, com menos de quatro anos de existência, foram os maiores vendedores de CDs dos EUA em 2010. Veja abaixo á ótima Stars Tonight. Assim fica mais fácil engolir Nashville... 

fontes wikipedia e R7 webiste

terça-feira, 8 de março de 2011

Crônica de Carnaval


Oito da manhã e vinha o Miguel, do lado oposto da calçada, entoando: 

Carnaval, mascarado festival
Carnaval, sob o véu cada qual é sempre o outro
Carnaval, quantas faces no plural 
Carnaval, todo certo é igual a todo torto

Pensei: onde ele tirou essa pérola? Vinha tropeçando, cantando. Ops, desculpa, êpa...empurra não que tem espaço.
Carnaval, mascarado festival
Carnaval, sob o véu cada qual é sempre o outro
Carnaval, quantas faces no plural 
Carnaval, todo certo é igual a todo torto
Tentei ficar na minha, mas o Miguel me viu e veio, gingando. Meu camarada, é carnaval! Põe um riso nessa cara Arlequim, é carnaval. O amigo Arlequim tá tristinho? Tô triste não, Miguel. Sorriso na cara pra comprar duas sobre coxas de galinha? Não força, né...
Miguel pediu licença, impondo respeito. Empurra não senhora, a calçada é do POVO, NÃO É SUA, tô certo Mentirinha? O dono do açougue não quis apimentar a briga, só sorriu. A mulher desviou mas não deu mole: SEU BÊBADO! Ao que teve que ouvir do Miguel: Bêbado sim, sua FEIA. Só que amanhã eu tô curado. A fila explodiu numa gargalhada. Nessas alturas, todo mundo já participava do papo e o Miguel era o próprio Mestre-Sala sem Porta-Bandeira. Um outro cara mais a frente não se segurou: teu nome é Anakin? Não, é ARLEQUIM mesmo, aquele que chora pela Colombina. O rapaz ficou meio sem jeito, remediei: Nada a ver com o Anakin Skywalker, do Guerra nas Estrelas. Relaxa, já tô acostumado desde as gozações do tempo de colégio. Meu pai era obcecado por carnaval e deu no que deu.
O Mentirinha me deu minhas sobre coxas e, distraído enquanto pagava, não vi mais o Miguel. Tomou rumo ladeira abaixo, bloco de um homem só, onde cada qual é sempre o outro, nesse mascarado festival. O celular me tirou do transe. No visor, minha Colombina lembrava: só faltam as sobre coxas do fricassé, vai demorar?
Segui meu caminho e aquela música na cabeça: Carnaval, quantas faces no plural...Nessa época do ano, queira ou não, é sempre Carnaval. 

domingo, 6 de março de 2011

O mundo "entre aspas" 16

Winston Churchill

"O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo."           (Winston  Churchill).
"Para ter sucesso neste mundo não basta ser estúpido, é preciso também ter boas maneiras." (Voltaire)
"Há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo." (Confúsio)

IndiGO - a AZUL Indiana

Já viu aquelas fotos enviadas por mail sobre o modo de transporte mais popular na India? Trens apinhados de gente, sem “luxos” como segurança, conforto, serviço. Caminhões de bóias frias brasileiros são ônibus leito quando comparados a isso. Mas essa realidade vai mudando gradativamente e não é pra menos. Com um PIB que cresce mais de 7% ao ano, o mercado da aviação comercial na Índia deu um salto  – em 2002, eram 600.000 vôos contra esperados 1 bilhão e meio em 2011. Nesse mesmo período, o número de passageiros indianos quase dobrou e o aeroporto de Nova Délhi já é o sexto maior do mundo. A Boeing estima que, para atender á demanda dos próximos 20 anos, a Índia vai precisar acrescentar mais de 1000 aeronaves à frota atual.
Transporte na Índia - ontem e...hoje
É nesse ambiente que a IndiGo se destaca pela agressividade com que ganha Market Share, sendo hoje a companhia aérea que mais cresce por lá. Em 2005, o empresário Rahul Bhatia, dono de agência de turismo, comprou 100 aviões e fundou a empresa, fazendo seu primeiro vôo em 2006. Deu tão certo que em 2011 encomendou mais 180 aviões para a Airbus.  E o segredo todo mundo já sabe, mas poucos praticam: passagens baratas e serviço de primeira. Os vôos são confortáveis e a comida é a melhor dentre as companhias do mercado indiano. 
Aeromoças da IndiGo
A IndiGo se prepara para sair do país, estendendo a malha para o Oriente Médio e Sudeste Asiático. Vai ter que enfrentar céu turbulento – empresas do Oriente Médio pagam um décimo do que custa um litro de combustível na Índia. Pra conseguir alavancar esse plano de expansão, a empresa estuda com bancos a abertura de capital ainda em 2011.
Quanto mais exemplos como este tivermos mundo afora, menos trens superlotados lá e menos força para empresas arrogantes aqui (viu, dona TAM?). “Go, Go, IndiGo, Go!”
fonte: Revista Exame e Forbes India

quarta-feira, 2 de março de 2011

Pillcam - Viagem Fantática

Você chega no laboratório pra um exame. Quem já fez exames contrastados, por exemplo, sabe o quanto é desconfortável. Sensação de calor, aquele gosto metálico na boca, náuseas. Fazer um exame destes, pra certas pessoas, é como ir pra um abatedouro, só amarrado (pelo menos pra mim, com certeza). Mas a fila anda e esse tipo de exame tem dia e hora pra virar peça de museu da história da medicina. Ao chegar para um exame, tudo o que você vai engolir é uma cápsula branquinha minúscula chamada Pillcam.
Pillcam...
maio grandinha ainda, né...
Os israelenses inventaram essa pequena maravilha – uma lente, uma câmera, baterias, transmissor e antena, tudo numa microcápsula. Você ingere a Pillcam e ela sai batendo duas fotos por segundo, enquanto viaja até o seu intestino delgado. O médico terá instalado sensores na sua barriga (do lado de fora, claro), responsáveis por captar as imagens enquanto você leva vida normal. A cápsula dura, no máximo, 8 horas e sai por excreção. Ao voltar pro consultório, o médico descarrega as imagens do DataCorder que está em sua cintura num laptop e um programa processa as imagens para que seja feito o laudo – tudo simples e rápido. Desta forma, pólipos, tumores, lesões vasculares e muitas outras anomalias podem ser detectadas de forma mais confiável sem a necessidade de tomografias e outros exames caros e, dependendo do problema, nem sempre conclusivos.
A Given Imaging, inventora da pílula-robô, é focada no desenvolvimento de métodos inovadores de detecção de anomalias gastrointestinais. Certamente estão remodelando os mercados onde entram. Não vai demorar para que outros procedimentos mais complexos, como cirurgias e administração de medicamentos de forma customizada estejam disponíveis. E quem achava que viajar no corpo humano era coisa daquela série “matuzalênica” Viagem Fantástica, baseada nos delírios visionários de Issac Asimov, agora, pague pra ver. Vejam o clip abaixo. É de ficar meio atônito...

fontes: Given Imaging Website, Revista Hospitalar Brasil, Youtube & Wikipedia